domingo, 15 de novembro de 2015

A mulher do sobrado - Parte 2 - Carla Pepe


A mulher do sobrado - Parte 2 
By Carla Pepe

Bia tentava usar o pouco raciocínio que lhe restava para entender o que estava acontecendo entre ela e o homem sério da loja de flores da rua do comércio. Estavam trocando beijos intermináveis  na sala de seu sobrado. A língua dele percorria sua boca com quisesse sugar-lhe inteira. As mãos dele percorriam sua nuca, suas costas, seu corpo. Ele apertava suas nádegas, pressionavam suas generosas coxas e seus fartos seios. Ela não conseguia analisar nada que não fosse estar na cama com ele.

Ary também não sabia o que estava fazendo, ou melhor, sabia exatamente o que estava fazendo. Estava beijando com lascívia, e muita vontade, a mulher do sobradinho. Sempre tivera vontade de saber o que ela escondia por baixo das longas saias coloridas ou das sóbrias blusas de tecido. E finalmente descobrira: uma calcinha de renda tão pequena que mal cabiam sua mão, um sutiã que lhe provocava uma vontade de arrancar de uma só vez todos os botões. Mulher volumosa, sensual, corpo completamente devotado a libidinagem. Ele só pensava que tinha esquecido a proteção e não poderia ir até onde pretendia. Inferno mil vezes! Da próxima vez que fosse a igreja compraria a rifa do Padre, porque só podia ser praga do sacerdote. Tal oportunidade não aparecia na vida de um homem novamente.

E  os afagos no sobrado continuavam às labaredas: as mãos dela percorriam o corpo dele, pressionavam cada parte de sua intimidade como se querendo reconhecer o território inexplorado. A boca dele explorava o corpo dela na ânsia de aproveitar cada momento. Era uma urgência advinda daqueles momentos não combinados porém positivamente surpreendentes. Mãos, seios, coxas, pernas, ventre, membro. Era uma mistura de corpos, naquele início de noite no sobradinho da esquina, que enrubesceria até o mais devasso contador de histórias.

No entanto, tudo que é bom uma hora acaba, Ary começa a ficar mais atirado e tenta a tirar-lhe a calcinha. A moça cai em si. Maldição! Era melhor voltar a contribuir no dízimo na Paróquia, talvez fosse isso que estava dando errado ali.

Bia, ao sentir as mãos do rapaz tirando sua calcinha, recupera a razão e diz: "Meu Deus! O que estamos fazendo? Eu mal o conheço!O que você vai pensar de mim?". Ary que não era bom nas palavras só consegue dizer: "Nada". A moça envergonhada pede desculpas e diz que o café ficaria para outra vez e o convida a ir embora. Afe Maria, pensa Bia, e agora como compraria flores e olharia para ele? O que ele pensaria dela?

Ary vai embora fulo da vida, cheio de raiva e de tensão mal resolvida. Tinha que ter tentado tirar a calcinha da mulher? Se ficassem mais um pouco naquela esfregação toda ele tinha se resolvido e não tinha ido embora como agora: teso. E a proteção? Como ele podia andar sem? Mas também, ele nunca ia imaginar que entregar um óculos de leitura ia dar em tudo aquilo. Era um homem sério, de trabalho duro, não podia se dar ao luxo de virar brinquedo nas mãos de mulher liberal solteira. Agora era se virar com a mão mesmo. E ficar pensando na mulher do sobrado. Afe!!!






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