quinta-feira, 9 de maio de 2019

Oi Mãe

Oi Mãe
Faz tempo que não trocamos umas palavras. Muita coisa andou acontecendo. Mas esses dias senti seu perfume, lembrei da sua comida, do seu pavê. Quase pude ouvir o som da sua gargalhada rindo de uma piada sem graça. Olhei para o lado, mas não estava ali.
Muita coisa mudou por aqui. Andei chorando, sorrindo. As crianças cresceram. Claudia está linda como sempre. Eu ando sonhando como sempre. E sentindo saudades suas. Madureira segue barulhenta, vou la de vez em quando pra me lembrar de você.
Mãe sinto falta das tuas broncas, de deitar nas tuas costas para ler, de me encostar no teu corpo até adormecer. Sinto falta de saber que se qualquer coisa acontecer, você estará ali a me proteger. Que se eu pular no abismo, você estenderá a rede para me abrigar. E terei sempre a certeza do seu amar.
Sabe, a saudade que sinto de você não passa. Fica ali no cantinho da gaveta, escondida, e é so aquele cheiro, aquele momento chegar, para saudade voltar. Mas sei que um dia iremos nos encontrar. E no abraço iremos ali nos deixar, porque o infinito é pouco para quem sabe muito amar.
Mãe, sempre me disseste que eu era uma sonhadora e vivo a sonhar. Agora escrevo em versos e salvo o mundo de se desencantar. Quer coisa melhor para quem nunca soube qual era seu lugar?
Tenho que ir. Vou ali dançar, mas antes te dou esse beijo de lembrança de quem sempre se lembra do teu amor.
Sua filha
Carla Cristina