domingo, 29 de novembro de 2015

Sensual - Carla Pepe

Sensual
By Carla Pepe

Sensual é seu sorriso franco.
Seu cabelo solto.
Sua perna grossa.
Suas mãos sedosas.
E seu jeito serio de se explicar.
Ela é sexy nos seus decotes.
Nas suas respostas sem fricotes.
Na perna aberta e na mesa do bar.
Ela é pura sensualidade.
Nos seios fartos e na coxa grossa.
Na minissaia justa no batom rosa.
Há uma menina no seu coração.
Ela se espanta com os elogios.
Fica vermelha e sente arrepios.
Ela tem um jeito sensual tão natural.
Que fascina e convida a teu corpo provocar.
E dos teus lábios provar.
Sensual é seu jeito de dizer
que se eu vier vou ter que encarar
ela inteira sem cessar.
A noite inteira até o sol raiar.




Teu corpo claro e perfeito (Manuel Bandeira)

Teu corpo claro e perfeito
(Manuel Bandeira)
Teu corpo claro e perfeito,
Teu corpo de maravilha,
Quero possuí-lo no leito
Estreito da redondilha…
Teu corpo é tudo o que cheira…
Rosa… flor de laranjeira…
Teu corpo, branco e macio,
É como um véu de noivado…
Teu corpo é pomo doirado…
Rosal queimado do estio,
Desfalecido em perfume…
Teu corpo é a brasa do lume…
Teu corpo é chama e flameja
Como à tarde os horizontes…
É puro como nas fontes
A água clara que serpeja,
Quem em antigas se derrama…
Volúpia da água e da chama…
A todo o momento o vejo…
Teu corpo… a única ilha
No oceano do meu desejo…
Teu corpo é tudo o que brilha,
Teu corpo é tudo o que cheira…
Rosa, flor de laranjeira…

A moça do brinco dourado - Final - Carla Pepe

A moça do brinco dourado - Final 
By Carla Pepe

Os corpos se tocaram, ficaram ali se beijando, procurando resistir a urgência da entrega a paixão que os consumia. O problema é que tinham muito em jogo: ele sua consultoria, a ampliação do trabalho e ela a seriedade que vinha construindo. O que fariam quando amanhecesse o dia, caso deixassem aquela atração os consumir. Glorinha queria muito se deixar levar pela primeira vez em sua vida, mas tinha medo das conseqüências. Seu corpo dizia um coisa e sua mente outra.

Jayme queria jogar tudo para o alto e seguir o que o corpo queria, intuitivamente ele sabia que não se conformaria com apenas uma noite e que poderiam conversar sobre como seguir adiante sem misturar as coisas. Naquela noite, ele precisava dela, sentir o corpo dela desnudo sobre o dele, os beijos dela sobre o corpo dela, em todos lugares. Ele já estava rígido de prazer e sabia que não aguentaria muito tempo apenas naqueles tórridos beijos no sofá da sala. Estava se sentindo um adolescente e não um caso de 30 e poucos anos.

Obedecendo seus instintos a boca dele procura o corpo dela e suas mãos vão deslizando e desnudando seu corpo. Glorinha não oferece resistência, qualquer parte do seu cérebro a havia abandonado covardemente e agora ela resolvera pensar no que quer fosse apenas no dia de amanhã. Hoje ela se entregaria aquela chama que ardia desde o seu ventre, permitindo que ele a despisse e a conduzisse ao quarto. Ela também de forma urgente o despoja e o observa rijo. Ela se rende totalmente como numa oração ajoelhada diante do desejo que os consome. Eles experimentam uma noite sem freios, urgente, como se o amanhã fosse complicado demais.

Ela tem vergonha do seu corpo volumoso nu apenas com o brinco dourado, mas o olhar de apreciação e desejo intenso dele derruba toda insegurança. Ela se sente linda pela primeira vez em muito tempo com seu corpo, com suas formas, com sua inteireza e se rende totalmente, à lascívia. Os dedos dele percorrem o corpo dela perfurando suas reentrâncias úmidas. Sempre protegidos, ela o suga profundamente até que ele derrame sobre ela morna cálido líquido. E de quatro chegam ao êxtase final. Exaustos desmaiam sem pensar no amanhecer.  

Nada obstante, a alvorada os espera sem dó nem piedade. Ele não havia pregado os olhos, observando-a dormir. Ela era linda em sua beleza tão comum, em suas volumosas curvas, em seus seios fartos espalhados pelo lençol. Ele ficou ali buscando eternizar o momento, caso não tivesse outro igual. Ou mesmo se tudo não passasse do melhor sonho erótico dos últimos tempos. Ele queria encontrar a solução para o problema que tinham juntos. E quem sabe juntos terem uma chance. Mas agora...

Agora ele ia desfrutar daquela linda mulher espalhada na cama cujo corpo acabava de corresponder às suas carícias. O resto...bom...aí...quem sabe...



quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Venha ou Fique - Carla Pepe



Venha ou fique
By Carla Pepe

Sou vendaval que espalha.
Sou o fio da navalha.
Moça fina de perna fechada.
Libertina cansada de ser bailarina.
Carola que quer dançar castanhola.
Uma rosa que quer beijar tua boca.

Vem agora me tirar para dançar.
Me puxa e me põe no altar.
Faz minha garganta arranhar.
De joelhos coloca meu peito a gritar.

Quero romper as expectativas.
Você aqui não tem cadeira cativa.
A conquista é prerrogativa.
Da sedução que faz acontecer: eu e você.

Lembre-se eu tenho fronteiras bem definidas.
Sou mulher sem amarras e sem freios.
Não tenho juízo nem rodeios.
Vou em frente e me jogo na vida.
Se você quiser, meu bem: me siga!



Moça do brinco dourado - Parte 3 - Carla Pepe

Moça do brinco dourado - Parte 3
By Carla Pepe

Seus corpos se esbarram, uma química entre eles rola imediatamente. Eles sentem a pressão e suas mãos se tocam. A mão de Jayme pega o corpo de Glorinha e vai até as costas no intuito de não deixa-la cair, mas também de trazê-la mais para perto de si. Ele pode sentir seu perfume um misto de lavanda e almíscar, a cor do batom levemente rosa, a boca carnuda, os olhos sensuais. Tudo nele se enrijece ante ao corpo volumoso da moça. E agora?

Glorinha prende a respiração quando Jayme segura seu corpo tão perto. As mãos dele nas suas costas pressionando fazem seu ventre bater descompassado. A vontade de que ele a pegasse nos braços e a beijasse era enorme. Mas ela nunca se deixara levar pelo prazer. Sua vida fora baseada na racionalidade, no pensamento lógico, no planejamento. E sabia que não ficariam apenas no beijo. Como lidar com as conseqüências do que aconteceria entre eles. Diante de tantas questões, ela chega a pensar em sair do abraço.

Como que se soubesse que ela sairia do abraço, Jayme resolve que, pelo menos, provaria o gosto daqueles lábios carnudos. Ele a beija sem demora, começa com um selo para sentir a seda, o rosa, e vai penetrando. O beijo parece uma relação, porque vai crescendo numa dança sensual. É um beijo que parece ter que durar a eternidade. Jayme quer eternizar o gosto da morena na sua boca. E assim vai percorrendo com sua língua a boca da morena sem pressa, sem volúpia, sem demora. Ela corresponde como se fossem velhos amantes, como se já conhecesse aquele caminho. Passa pelo corpo dele suas mãos como se quisesse deixar sua marca.

Naquela cadência sensual, os dois ficam por um tempo sentindo seus corpos quentes, sentindo a respiração ardente. Os beijos ardentes era o possível entre eles naquela noite de lascívia e possibilidades. Afinal era uma história complicada: ela sócia da firma na qual ele prestava consultoria. Ele tinha planos de crescimento profissional. Ela uma sócia respeitada. Mas o amanhã eles deixariam para pensar depois. Por enquanto, tudo que eles queriam era se render aquela vontade louca de beijar a boca e sorver o que pudessem daquele momento mágico.

Deixariam o porvir para pensar quando viesse a hora. Agora se permitiram viver o momento mágico onde seus lábios e corpos estavam se encontrando mesmo que sem a intimidade que gostariam.

Será que se renderiam a algo mais? Iriam além do beijo?




domingo, 22 de novembro de 2015

Moça do brinco dourado - parte 2 - Carla Pepe


Moça do brinco dourado - Parte 2 
By Carla Pepe

Ele a levou até seu carro, a respiração acelerada pela moça que o acompanhava. Ela continuava a ser uma incógnita para ele. Ela o atraía, mas ele não queria envolvimento, trabalho e sexo não eram coisas que se misturavam. Também não iria tomar qualquer iniciativa pois precisava do dinheiro e um passo em falso colocaria todo contrato a perder. O melhor a fazer era dar carona a sócia, garantir sua chegada em casa e seguir com suas fantasias. Logo, logo arranjava uma companhia e tudo isso passaria.

Glorinha sente o olhar profundo do consultor sobre ela, por dentro treme, o estomago embrulha, no seu íntimo gostaria que ele tomasse a iniciativa e lhe beijasse profundamente e demoradamente. Ele era tão sério naqueles óculos,  possivelmente aquela seriedade fosse coisa de que mexe com alta tecnologia. Pensando bem, não sabia o que faria se ele lhe beijasse. Afinal, era contra misturar as coisas: trabalho e sexo. Que bom que alguém naquele carro era sensato e não era ela.

O caminho para sua casa nunca lhe parecera tão longo, mesmo a noite e sem transito algum. Ela tinha dúvidas de como fazer quando chegassem a sua casa, deveria convida-lo para um xícara de café pela carona. Deveria dar-lhe um beijo no rosto ou bastava um aperto de mão. Eram tantas as dúvidas que Glorinha estava quase pulando do carro em movimento para não ter que responder aos questionamentos de seu cérebro. Enfim, se aproximaram de seu apartamento e ela agradeceu com um aperto de mãos, perguntou se ele gostaria de subir para um café antes de retornar para sua casa. A oferta gentil era apenas uma forma de ser educada pois não sabia a distancia para a casa dele.

Jayme vê o nervosismo da moça e entende como medo de estar sozinha com um homem, afinal ela parecia uma mulher bastante reservada. Ele resolve aceitar o convite, uma  vez que morava bem distante da casa dela e um café cairia bem para voltar para casa. Ajudaria a ver se estava tudo em ordem com a sócia do escritório. Eles sobem para o apartamento: é pequeno, mas aconchegante, com flores e cores nos lugares certos. Tinha uma certa desarrumação, algo que ele não esperava, visto que ela parecia metódica. A moça desaparece pela casa. Reaparece mais a vontade, descalça, sem a blusa de trabalho, com uma camiseta branca e cabelos soltos. Jayme prende a respiração e quase ergue a voz para recusar o café, mas ela some novamente.

Glorinha volta a sala agora com bandeja de café expresso. Senta de frente para Jayme e bebem o café em silêncio. Ambos sentem o clima constrangedor, mas não sabem o que fazer com isso. Ela resolve quebrar o clima perguntando sobre seu trabalho e ele fala um pouco sobre a consultoria em tecnologia da informação. Rapidamente, termina o café, entrega a xícara e se levanta. Nesta hora, o universo conspira a favor da lascívia, e seus corpos se tocam e é impossível resistir a boca daquela mulher tão próxima a ele.  Jayme pega o corpo de Glorinha nos seus braços e como não encontra freio a beija.

E agora? Glorinha resistirá a noite com Jayme? Ficarão apenas no beijo fugaz ?



Vida feita (1993) - Carla Pepe



Vida feita (1993)
By Carla Pepe


A vida é feita de:
dores, dissabores, maus amores.
lágrimas, lástimas, máximas.
fel, gel, céu.
lanolina, vaselina, creolina.
gente que desencanta gente.
saudade, metade, ansiedade

De que é feita a vida?
De gente colorida, que chora e que ri.
De gente cinza que apenas passa por aqui.
De gente branca que se veste de colorido para dizer que existiu.
De gente preta que se traduz de alegria e anda na vida de onde nunca partiu.

Vida feita é de:
 amor, sabor, cor que a gente dá.
do sal, do metal, tal qual a gente amar.
de mel, de céu, de véu de noiva no altar.
de amar, perdoar, saudar e beijar.

E também a vida é partir, seguir e nunca mais voltar.
É criança no ventre, o leite quente e carinho de mãe.

A vida quem faz é a gente. A vida é hoje e não amanhã. 




sábado, 21 de novembro de 2015

Labirinto (1998) - Carla Pepe

Labirinto (1998)
By Carla Pepe

Tanto tempo faz,
Nem me lembro mais 
Como tudo começou,
Como tudo terminou.
Os sentimentos se embaralharam
Se entrecruzaram...
São “nós” que ainda não sei desatar.
Uma rede que eu não sei  balançar.
Formam um labirinto que eu não sei caminhar.
Os sentimentos estão perdidos.
Tristeza, melancolia, enfim...
Perdida no labirinto de mim.
Barco sem capitão.
Rede sem pescador.
Vida sem alma.
Cansada. 
Esgotada. 
Fatigada. 
Sugada.
Não sei por onde recomeçar.
Nem por onde me perdi para então me reencontrar.
Sinto falta do verso, da rima, da letra, do véu.
Sinto falta do riso, do choro, da vela, do céu.
Quem vai me procurar?
Quem vai me encontrar?


Teu gosto (1992) - Carla Pepe



Teu gosto (1992)
By Carla Pepe

Teu gosto ficou na minha boca
Teu beijo tem gosto de partida
De despedida.
De lágrima perdida. 
Eu sei que você irá 
E que não mais voltará. 
A vida ficou.
O tempo não parou.
Você nem sequer ligou.
Partiu para não mais voltar.
Eu ainda sinto o teu cheiro.
Teu gosto.
Teu  abraços.
Mas meu coração...
meu coração partiu.


Em outra estação (1991) - Carla Pepe



Em outra estação (1991)
By Carla Pepe

Paixão que corrói
Ódio que destói
Meu desejo é te amar.
Me apaixonar.
Andar a luz do luar.
Far do amor um brinquedo.
Amar-te em segredo.
Mas você não me vê como mulher.
Não me quer.
Já resolvi.
Vou partir.
Seguir.
Embalar.
Ensacar.
Vou embora, agora.
Para outra estação
Porque meu coração
não tem medo de solidão.


Tempo (1990) - Carla Pepe


Tempo (1990)
By Carla Pepe



Tempo que não passa
Tempo que passa depressa.
Tempo. Tempo. Tempo.
Governa o mundo.
Governa giramundo.
Governa Raimundo.
Faz escravo, não tem dó nem piedade. 
Não dá para viver, nem ter felicidade. 
Achei que havia tempo.
Mas não há. 
Gira tempo. 
Gira mundo.
Gira vida.
Gira saia. 
Gira menina.
Gira criança.
Gira gira.
Passa depressa.


quinta-feira, 19 de novembro de 2015

A moça do brinco dourado - Parte 1 - Carla Pepe



Moça do brinco dourado - Parte 1
By Carla Pepe 

Ela era séria desde sempre, sorria pouco, talvez porque pouco tivesse para sorrir. Sua mãe morrera cedo e deixara seu pai com dois filhos homens e duas meninas para criar. Fora ela, a mais velha, quem sustentara a família, seja afetivamente ou financeiramente. Hoje em dia, ela aos 45 anos,  não se preocupava mais com eles, mas nunca se dera ao luxo de relaxar. Trabalhava duro no escritório de advocacia desde os 14 anos como office girl. Para ser uma das sócias, levara muito trabalho para casa, perdera noites de sono e finais de semana. Não conseguira manter relacionamentos e fora abandonada por dois noivos e dois maridos. Tinha poucos motivos para sorrir. Morava sozinha e gostava disso.  Sua única fonte de relaxamento era nadar duas vezes por semana na piscina do prédio em que morava.

Ele a observava todos os dias chegando no escritório: séria, compenetrada, nunca olhava para frente, nem para a direita ou esquerda. Sempre com os olhos no celular ou então falando nele. Parecia que seu cérebro não descansava nunca. Já tinha ouvido falar que ela era viciada em trabalho. Não fazia bem seu tipo: era corpulenta, gorda, baixa, cabelos lisos, séria demais, seios demais, coxas demais. Não tinha problemas com mulheres gordas, mas tinha que ter estilo. E, nela, estilo era o que faltava. Faltava cor, tom, cheiro. Tudo era neutro demais. Mas algo o intrigava tanto que ele a observava do seu nicho de consultor externo.  Ademais, não teria a menor chance com a sócia do escritório em que estava prestando consultoria. Era jovem e ela nem olharia para ele.

Glorinha tinha esse nome por causa de uma novela que era sucesso na época em que nascera. Era um nome em diminutivo que nada agregava a imagem séria que gostaria de passar. Os sócios lhe chamavam sempre para happy hour, mas ela só comparecia aos obrigatórios. Na noite passada, seu pai lhe entregara uma caixa de jóias que fora de sua mãe e dentro havia um lindo brinco dourado. Talvez a única jóia que sua mãe possuíra em toda sua pobre vida. Ela resolvera usar o brinco e junto com ele veio um calor. A orelha começou a queimar, uma vontade de colocar algo mais, uma alegria. Ela lembrou dos almoços ao redor da mesa, das risadas de domingo, da gritaria dos irmãos. Ela lembrou da vida colorida, quando as coisas não pareciam ser tão sérias, antes da morte da mãe. E naquele dia ela foi trabalhar com uma blusa rosa levemente aberta, um sorriso meio aberto e o brinco dourado. Os olhos já não pousavam o celular.

Quando ela entrou no escritório naquele dia cinzento, ele percebeu que algo estava diferente, era a cor da blusa (não era preta, branca ou cinza) e um sorriso leve no rosto. Nossa ela fica linda realmente assim. Ele sabia o que havia visto nela. Ela tinha uma beleza diferente, dessas que merece que se veja várias vezes. Dessas que não se acaba na primeira lavagem de rosto quando tira a maquiagem. Como ele gostaria de beija-la hoje. E de tirar aquela blusa rosa. Jayme sente o corpo pegar fogo. Trabalho e sexo não eram coisas que ele misturasse. Portanto, ficaria apenas na fantasia.

Naquele dia, seus amigos insistiram para que fosse ao bar tomar uma caipirinha. Ela resolvera ir já que estava de tão bom humor. Bebe uma caipirinha de frutas vermelhas e fica relaxada. As meninas começam a contar histórias engraçadas e ela ri. Ele na mesa, pela primeira vez a vê sorrindo. Ela tem a risada mais sensual que ele já tinha visto. Ele estava cheio de tesão pela sócia da firma aonde prestava consultoria. E agora? Glorinha decide ir embora. Jayme percebe e oferece carona. Ela recusa, mas ele insiste dizendo morar perto de onde ela está indo. O amigo e sócio insiste que ela aceite ao invés de ir sozinha de táxi para casa.

Ela aceita. Ao entrar no carro repara que Jayme é um rapaz mais jovem e muito bonito. Ela o acha atraente. Ele a olha fixamente e ela sente a tensão entre os dois. Pensa em desistir da carona e pegar um táxi mas o que fazer agora? A rua deserta por causa do horário. Bom, iria para casa e daria tudo certo. Será? Nunca passara por nada semelhante.





Por trás - Carla Pepe


Por trás 
By Carla Pepe

Ele vem calado
E me pega
Por trás
Me submete
Me arremete
Me cede
Me mete
Eu gosto
Degusto
E sugo
Me esgoto.
Ele fala no ouvido.
Sussurra.
Espanhola.
Carola.
É agora.
Me tira o batom.
Suada.
Acordo
É só um sonho...
Quimera...
Quem dera morrer de ilusão.





quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Ela é - Carla Pepe


Ela é 
By Carla Pepe

Ela é um vulcão
Um ser em expansão
Mulher em turbilhão
Transcendência e emoção

Partilha, sexo e coração
Corpo, libido e nutrição.
Alma, gozo e mãos.
Riso, traço e solidão.

Alta voltagem, eletricidade e fiação.
Uma miragem no Sudão.
Uma paisagem no Jalapão.
Sinal de passagem de um furacão.

Mulher de raiva e cobiça.
Gosta de rede e preguiça.
Mulher bonita e roliça.
Gosta de beijo, carinho e malícia.

Ela é morena, senhora
Agora v'ambora
que a hora
é agora
de conquistar.






A mulher do sobrado - Parte 3 - Carla Pepe


A mulher do sobrado - Parte 3
By Carla Pepe

Bia andava dormindo mal, não porque as costuras andavam lhe tirando o sono, mas porque um certo homem sério andava ocupando seus sonhos e lhe provocando noites quentes. Estava sendo difícil conciliar o sono, o trabalho e o pensamento. Também evitava passar pela floricultura nos últimos dias para não encontra-lo. Mudara um pouco a sua rotina, afinal o que ele pensaria sobre ela. Na verdade, o que gostaria mesmo era de terminar o que começaram naquele final de tarde no sobrado, mas ela não teria ousadia de tomar a liberdade com o rapaz.

Enquanto isso, na loja de flores, Ary pensava na volumosa costureira do sobrado florido. Mulher cheia de curvas, sinuosidade e sensualidade. Difícil de esquecer e resistir. Ocupava-lhe os pensamentos e ações. Fizera-lhe boas homenagens. Todavia, seria bem complicado voltar a ter algo com aquela mulher. A sorte não bateria novamente a sua porta. Voltara a contribuir no dízimo e dera uma boa contribuição na festa do padroeiro, mas a mulher desaparecera. Não a via já a umas duas semanas. Era melhor voltar as moças fáceis do boteco, todas sem muitas preocupações, mas sem 10% da volúpia da dama do sobrado.

Mas o destino parecia que estava sorrindo para Ary e uma senhora que vendia frutas entrara na loja e pedira que fosse entregue uma linda orquídea para a moça do sobrado. Ele, então, faz questão de entregar pessoalmente quando a loja fechasse. Dessa vez, ele parte preparado: tomou um banho, colocou uma água de cheiro, as camisinhas no bolso e uma blusa nova. Lá foi ele repleto de "boas" intenções com a costureira da esquina.

O sol caia formando tons de vermelho, laranja e amarelo no céu, deixando o final do dia quente demais para trabalhar, por isso ela resolvera fazer uma pausa no trabalho e tomar uma ducha. E no final da ducha, a campainha tocou, ela vestiu o roupão e foi atender a porta. Bia imaginou, pela hora, que era a senhora da banquinha de frutas, para quem fazia pequenos consertos sem cobrar. Ela ficou surpresa quando abriu a porta e deu de cara com ele: arrumado, fresco, sério e com uma linda orquídea na mão. Disse que encomendaram na loja e pediram que fosse entregue. Ela não teve outro jeito senão pedir que ele entrasse para deixar o vaso na mesa para assinar a nota.

Ary não acreditou no tamanho da ventura, a contribuição na igreja finalmente tinha valido a pena. Não somente tinha encontrado a moça em casa, como exalava cheio de lavanda, o frescor do banho e parecia estar nua sob o roupão vermelho felpudo. Agora tudo estava nas mãos dele, ou melhor, na boca, nas mãos, no membro, no corpo todo. Porque hoje ele só saia de lá depois do serviço completo com o aceita da moça, é claro. Como tomar a iniciativa? Ary era um homem sério. Mas a vontade de beijar aquela boca era enorme. A vontade de ter aquela mulher de novo em seus braços o fazia arder novamente. Tal sorte não bateria duas vezes na vida de um homem trabalhador.

Bia sentia o clima de tensão e paixão no ar. Gostaria de ter as mãos do rapaz novamente no seu corpo. Gostaria de sentir sua boca na sua de novo. E dessa vez gostaria de tê-lo em sua cama, por mais horas, para juntos chegarem ao clímax. No entanto, faltava-lhe a coragem da iniciativa. E o homem não se mexia. Ela nunca demorara tanto para achar uma caneta, mas talvez estivesse na hora de deixa-lo ir. Seria ousada? Deixaria o cordão do roupão abrir sem querer? Aquele entardecer no sobrado prometia...mas o quê.



A mulher do Sobrado - Final - Carla Pepe


A mulher do sobrado - Final
By Carla Pepe

Lá estavam os dois duelando em pensamentos pelo que parecia ser a vontade de seus corpos em estarem juntos. De um lado, Bia sem saber se deixava a ousadia tomar conta de si e de outro Ary, homem sério, trabalhador, mas cheio de desejo pela costureira, colorida do sobrado da esquina. Ela acha a caneta assina o recibo e agradece a entrega, abre a porta e se despede, virando de costas para ele. Ary resolve não perder a oportunidade, pega a mão da moça e a puxa para si e a beija com sofreguidão. As mãos dele percorrem o corpo dela: cabelo, nuca, costas, seios, ventre, sexo, pernas, coxas. Abrem o roupão e encontram o corpo nu.

Bia não acredita no que está acontecendo. Nem em seus sonhos mais ardentes, seu corpo correspondia de maneira mais primitiva a outro corpo. Eles tinham uma química explosiva. Ela o queria urgentemente. Suas mãos procuravam tirar sua camisa, abrir sua calça, eliminar as barreiras que separavam o corpo dela de estar com a quentura dele. O roupão fica ali no corredor da sala, as roupas dele espalhadas na entrada e os dois vão para cama aonde dão vazão a toda paixão que os consumia. As mãos dele percorrem a sinuosidade do corpo dela. Ele se demora nos seios, nas coxas, no ventre, no sexo molhado.

Ela investiga o corpo dele, seu membro, seu tórax, seus braços, suas costas. Sua boca esquadrinha o corpo de Ary enlouquecendo-o de prazer, sugando-o profundamente. Não houve limites, lugares, fantasias que eles não satisfizessem um ao outro. As curvas da moça o enlouqueceram, sua sensualidade e entrega ao prazer e vontade do outro o impressionaram. Nunca tinha vivido algo assim com outra mulher. Totalmente sem freios, sem amarras e uma energia vital. Era séria na vida e vadia na cama. E os dois vão naquele desenho, naquele corte e costura a noite toda de corpos ardentes. Homem-mulher atravessam a noite, sem pressa, na busca um do outro, lentamente como se quisessem eternizar toda aquela luxúria vivida de sexo e prazer.

O dia amanhece e os dois estão simplesmente apagados na cama da mulher do sobrado. Bia acorda nua nos braços do homem sério das flores e não sabe o que fazer. Desliza para fora da cama e toma uma ducha. Ary acorda com o barulho do chuveiro e vai até o banheiro e a encontra nua. Novamente seus corpos se deixam tomar pelo gozo e vão se satisfazendo. Após o banho juntos, decidem tomar um café e Bia sem saber que passos dar para dizer ao rapaz que talvez o que gostaria mesmo era de boas noites de sexo, talvez uns finais de tarde sem compromisso. Ary, por sua vez, queria dizer a mulher do sobrado, que não queria cordão, anel ou braço dado. Queria mesmo era umas noites e manhãs como aquelas e umas flores para alegrar o ambiente.

E assim sem muitas palavras se despediram, com beijos ardentes e promessas silenciosas. E olhares certos do que gostariam: deleitamento dos corpos um do outro sem compromisso, sem anel, sem fastio, sem cordão. E antes que ele se fosse, ela na última gota de ousadia, diz: "que tal aparecer amanhã, no final da tarde: terá café e bolo. E algo mais quem sabe!"







domingo, 15 de novembro de 2015

Teu beijo - Carla Pepe



Teu beijo
By Carla Pepe


Tem coisa melhor do que beijo?
Beijo no rosto.
Beijo com gosto.
Beijo na boca
Beijo de moça.

Ah teu beijo, rapaz!!!
É o que eu quero mais.

Beijo inesperado
Beijo desejado
Beijo cortejado
Beijo sonhado.
Beijo lacrado.
Beijo molhado.
Beijo prensado.
Beijo vendado.
Beijo calado.

Sou moça maluca
Quero beijo na nuca.
Um beijo teu

Vem logo correndo
porque sou atrevida.
Coloco um batom
e beijo sem medo
o menino do som.







A mulher do sobrado - Parte 2 - Carla Pepe


A mulher do sobrado - Parte 2 
By Carla Pepe

Bia tentava usar o pouco raciocínio que lhe restava para entender o que estava acontecendo entre ela e o homem sério da loja de flores da rua do comércio. Estavam trocando beijos intermináveis  na sala de seu sobrado. A língua dele percorria sua boca com quisesse sugar-lhe inteira. As mãos dele percorriam sua nuca, suas costas, seu corpo. Ele apertava suas nádegas, pressionavam suas generosas coxas e seus fartos seios. Ela não conseguia analisar nada que não fosse estar na cama com ele.

Ary também não sabia o que estava fazendo, ou melhor, sabia exatamente o que estava fazendo. Estava beijando com lascívia, e muita vontade, a mulher do sobradinho. Sempre tivera vontade de saber o que ela escondia por baixo das longas saias coloridas ou das sóbrias blusas de tecido. E finalmente descobrira: uma calcinha de renda tão pequena que mal cabiam sua mão, um sutiã que lhe provocava uma vontade de arrancar de uma só vez todos os botões. Mulher volumosa, sensual, corpo completamente devotado a libidinagem. Ele só pensava que tinha esquecido a proteção e não poderia ir até onde pretendia. Inferno mil vezes! Da próxima vez que fosse a igreja compraria a rifa do Padre, porque só podia ser praga do sacerdote. Tal oportunidade não aparecia na vida de um homem novamente.

E  os afagos no sobrado continuavam às labaredas: as mãos dela percorriam o corpo dele, pressionavam cada parte de sua intimidade como se querendo reconhecer o território inexplorado. A boca dele explorava o corpo dela na ânsia de aproveitar cada momento. Era uma urgência advinda daqueles momentos não combinados porém positivamente surpreendentes. Mãos, seios, coxas, pernas, ventre, membro. Era uma mistura de corpos, naquele início de noite no sobradinho da esquina, que enrubesceria até o mais devasso contador de histórias.

No entanto, tudo que é bom uma hora acaba, Ary começa a ficar mais atirado e tenta a tirar-lhe a calcinha. A moça cai em si. Maldição! Era melhor voltar a contribuir no dízimo na Paróquia, talvez fosse isso que estava dando errado ali.

Bia, ao sentir as mãos do rapaz tirando sua calcinha, recupera a razão e diz: "Meu Deus! O que estamos fazendo? Eu mal o conheço!O que você vai pensar de mim?". Ary que não era bom nas palavras só consegue dizer: "Nada". A moça envergonhada pede desculpas e diz que o café ficaria para outra vez e o convida a ir embora. Afe Maria, pensa Bia, e agora como compraria flores e olharia para ele? O que ele pensaria dela?

Ary vai embora fulo da vida, cheio de raiva e de tensão mal resolvida. Tinha que ter tentado tirar a calcinha da mulher? Se ficassem mais um pouco naquela esfregação toda ele tinha se resolvido e não tinha ido embora como agora: teso. E a proteção? Como ele podia andar sem? Mas também, ele nunca ia imaginar que entregar um óculos de leitura ia dar em tudo aquilo. Era um homem sério, de trabalho duro, não podia se dar ao luxo de virar brinquedo nas mãos de mulher liberal solteira. Agora era se virar com a mão mesmo. E ficar pensando na mulher do sobrado. Afe!!!






sábado, 14 de novembro de 2015

O mundo precisa de amor - Carla Pepe


O mundo precisa de amor
By Carla Pepe

Precisa de amor
Precisa de Flor
Precisa de Humor
Precisa de Clamor

O mundo precisa de paz
Precisa de gente que faz
Precisa de moça e de rapaz.
Precisa de um faz e refaz.

Levanta e vem cirandar.
Levanta e vem, vem para cá.
Tem preto, branco, morena a dançar.
Tem japonês, francês, mineiro a rezar.

O mundo precisa de cabeça, pernas e mãos.
Precisa de juntos darmos as mãos.
Para ser Mariana, Paris e Japão.
Para ser Nigéria, Irã e Cubatão.
Para sermos uma só nação.
Para manter viva a esperança no coração.

A Mulher do sobrado - Parte 1 - Carla Pepe


A mulher do sobrado - Parte 1
By Carla Pepe

Ela morava sozinha num sobradinho de dois quartos, numa rua simpática, onde todos se conheciam. Era um bairro pobre, de gente trabalhadora, cheio de pequenos comércios. Bia, tinha 42 anos e trabalhava por conta própria fazendo roupas em casa. Era uma mulher volumosa, baixinha, cabelos curtos, quase de menino. Tinha coxas grossas, seios grandes, pernas lisas lindas, quadris largos. Vestia-se com simplicidade, todavia sempre colorida. Tinha uma beleza simples, um sorriso claro, largo e um olhar fácil.

Suas criações eram vendidas pela as classes mais abastadas numa loja VIP de propriedade de uma velha patroa de sua mãe. A moça já tinha tido dois longos relacionamentos que não deram certo. Aprendera a viver bem sozinha, sua mão era uma grande e boa companheira. Era bem feliz assim. Sentia falta de alguém para conversar, para ver algum filme, mas quando isso apertava ligava para suas amigas e marcava uma programação.

Todos os dias descia, mantinha seu ritual: fazia sua caminhada, comprava seu pão e subia. Começava a desenhar, depois cortava os moldes e  lá ia o barulho da máquina de costura. Quando os modelos começavam a ganhar vida, pedia a uma amiga para servir de modelo. Suas roupas eram cheias de vida, coloridas, com brilhos e muita magia. Tinham alma. As vezes, para buscar inspiração abria uma garrafa de vinho tinto de boa safra e ficava ali bebericando e sentindo o doce aroma das uvas e o sopro de luz chegando. Nestes dias, passava a noite a desenhar.

Ela descia e o observava quase todos os dias, sempre sério, parecia que a vida lhe fora dura demais. Ele vendia flores, mas dificilmente havia um sorriso em seu rosto. Ela sempre comprava girassóis, flores do campo, violetas. Gostava da casa florida. As flores morriam logo, mas ela não se importava, tinha esperança de um dia brotariam e dariam novas flores. Ela sempre lhe cumprimentava com um sorriso largo no rosto e a voz repleta de alegria, mesmo nos dias mais áridos e nas noites mais solitárias.

Ele notava os olhos cansados dela, os dias em que ela passava mais tarde, em que a boca vinha sem batom e as mãos estavam cortadas pela tesoura. Era uma mulher forte, corpulenta, mas simpática, gentil, no entanto, já a vira se tornar bicho diante de injustiças. Usava sempre roupas coloridas e, pelo que ele sabia morava só, no sobrado da esquina. Comprava flores das mais diversas umas duas vezes por semanas. Ele a achava intrigante. Ela não fazia seu tipo, mas gostaria de ter algo com ela, talvez uma boa noite de sexo, mas tão somente isso. Nenhum relacionamento duradouro.

Naquele dia, ela tinha ido na floricultura e comprado girassóis, estava tão cansada, que acabara esquecendo os óculos de leitura. Ele sabia que ela iria precisar dos óculos. Quando chegou o final da tarde, ao fechar seu pequeno negócio, Ary se dirige ao sobrado e toca a campanhia. Bia surpresa pede ao moço sério da loja de flores para subir. Pela gentileza de ter achados seus óculos, ela lhe oferece um café e um bolo delicioso. Ele entra na casa, percebe o ambiente acolhedor e cheio de cores e flores. Ela o cumprimente meio constrangida e sem saber: se com aperto de mãos ou com beijo leve no rosto. Ao beija-lo de leve no rosto uma corrente de eletricidade passa entre eles e ele move o rosto. O que começa no canto da boca, termina com as bocas se tocando e um beijo eletrizante, sem precedentes ocorre. Mãos, bocas, corpos vão num movimento e o beijo vai se alongando sem que nenhum deles se dê conta do que esta acontecendo no sobrado antes tão solitário.

E agora Bia?







sexta-feira, 13 de novembro de 2015

5 minutos - Carla Pepe

5 Minutos
By Carla Pepe
‪#‎Carla440‬
Quero êxtase. 
Não sou mulher de fase.
Sou mulher de vida.
Sou inteira e não metade.


quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Ela é boa de samba - Carla Pepe


Ela é boa de samba - Final
By Carla Pepe


E chegou o dia de mais um ensaio de comunidade. Soninha tinha passado a semana segurando a vontade de ligar para Liminha e dizer-lhe meia dúzia de palavrões, mas resolvera ignora-lo. O silêncio tinha sido a melhor forma de de responder a sua covardia de ter ido embora. Mas já que iria enfrenta-lo, resolvera usar de todas as suas armas. A morena se produzira no mais alto nível: minissaia preta grudada, blusinha decotada rosa (deixando entrever os seios), salto (não muito alto), batom rosa-pink, cachos brilhantes, olhos, perfumada. E naquele dia, resolver ser abusada: estava sem calcinha. A noite prometia e a morena iria abusar.

Liminha tinha que ir ao ensaio naquela noite, não poderia falta. Teria que encarar a morena, afinal tinha certeza de que ela estaria por lá se acabando de tanto sambar. Como encararia a amiga depois do que tinha feito? Burrice ter ido embora. Mas tivera receio de que ela dissesse que foi tudo um engano e de que continuavam amigos. No entanto, tudo que não eram agora era amigos. O jeito era defrontar a fúria da volumosa cabocla.

A quadra estava fervilhando naquela noite, repique, tamborins, agogôs. As baianas, as passistas, a harmonia, o clima era de fervo. Ele localizou Soninha sambando no meio da quadra com a cerveja na mão. Muitas dúvidas do que fazer, mas a certeza de que não dava para fugir agora. O jeito era ir cumprimenta-la e ver que bicho ia dar essa história. O rebolado dela o deixava louco e hoje ela estava de matar qualquer homem. Aquele decote e o corpo que ele já conhecia na intimidade, o deixavam rígido. Mas ele podia notar os rapazes rodeando a cabrocha, oferecendo cerveja e petiscos. Ela tinha um sorriso que encantava e fazia a galera delirar, ainda mais com boca rosa. Vontade de pegar de jeito e tirar o batom.

Soninha tinha visto Liminha se aproximar, por isso mesmo resolvera sambar ainda mais e aceitar a cerveja dos rapazes. Normalmente, não aceitava nada de ninguém. Gostava de pagar sua própria bebida. Se estava com alguém era porque gostava da pessoa. Se saía com aquela pessoa, era pelo mesmo motivo. Para ela, não havia diferença de etnia ou  classe social. O que havia era jogo de pele e sensualidade.

Liminha chegou, com cara de poucos amigos, perguntando se ela não achava a saia muito curta para sambar daquele jeito. Ela dá um frio boa noite e segue sambando indiferente. O rapaz tenta conversar com a morena sem sucesso. Ela continua ignorando-o e rebolando. De repente, ele a pega de jeito e a puxa para si e diz "você acaba com meu bom senso Soninha. A gente precisa conversar.". Ela fica sem reação, ao sentir o corpo dele, e toda sua razão e indiferença ao "cabra" vai por água abaixo. Eles se beijam numa sofreguidão, ansiedade. Ele puxa a morena e começa a dançar com ela na cadência do samba e todos ficam vendo a sensualidade do casal. Liminha percebe que a morena não tem nada por baixo. E o sangue ferve. Mulher danada!!! Como ele pudera fugir de intensa mulher? E sem que as pessoas percebem eles fogem da quadra para continuar seu samba particular em outra Apoteose, com novas fantasias e alegorias. A noite seria de lascívia e muito samba no pé.










quarta-feira, 11 de novembro de 2015

A Espanhola - Carla Pepe

A Espanhola 
By Carla Pepe 

Pele desnuda
Boca carnuda
Mulher madura
Veste a armadura.

Uma espanhola
Executa a dança com castanhola
Vem no meio e rebola.
É segura com sua ventarola.

Seios e volumes.
Lisos cabelos sem queixumes.
Gosta de um perfume.
Beijo na boca e no cume.
Não tem freio nem costume.

Mas assim a dança que termina
Espanhola vê na surdina
no espelho que ilumina,
no reflexo, o sorriso maroto de menina.



Ela é boa de samba - Parte 3 - Carla Pepe


Ela é boa de samba - Parte 3 
By Carla Pepe

Soninha deixaria seu corpo levar, responder a cadência do samba da paixão conduzir as coisas. Pensar agora seria perda de tempo. Eles partem para o apartamento dela, juntos tinham uma química, um negócio, uma atração que fazia tempo que não experimentava por alguém. Seus corpos tinham uma união. Braços, pernas, coxas, seios, nádegas.  Quase não deu tempo de chegarem até o apartamento dela, tal era a pressa que tinham um do outro.O coração dos dois batia descompassado, o corpo dos dois sambava em êxtase de paixão.

Foi uma noite sem limites, sem freios, totalmente de entrega. Ele jamais imaginaria que uma mulher pudesse ser como ela, sem frescura, sem lisura, absolutamente devotada ao ato sexual. As curvas dela, seu corpo, sua sinuosidade, o deixavam louco a todo instante. Ele nunca imaginou sentir algo assim por alguém. Foram posições, lugares, corpos como se simulassem a entrada da escola no dia do desfile. Era um mix de sentimentos que ele não conseguia dominar. Foi bem melhor não pensar em simplesmente nada. Tudo foi permitido entre os dois. E, no final, eles simplesmente apagaram, tal era a exaustão da noite impressionante.

O dia amanhece, Soninha resolve tomar um banho para pensar finalmente no que fazer diante do que tinha acontecido. Afinal, eram amigos e desejava manter a amizade acima do que tinha rolado entre eles. Ela também precisava tomar cuidado, para não entrar de "sola" no assunto e sim deixar fluir. Quando volta para o quarto, procura o amigo, ele tinha desaparecido. Ela o procura pela casa toda. Ele tinha ido embora. Como um covarde, tinha embora. A mulher fica enfurecida, sua vontade é sair correndo atrás dele e lhe dar um corretivo. Que homem faz isso? É um homem ou um rato? Aff mil vezes Aff.

Liminha sabia que tinha agido como um pusilânime, um infantil, mas qual homem não era um pouco infantil e medroso? Como enfrentar as conseqüências da noite? E se ela dissesse que foi tudo um engano? E a amizade deles como ficaria? E assim foi ele para o trabalho, cabisbaixo, sabendo que teria que enfrentar a fúria da morena mais tarde. Afinal, sabia que ela não deixaria a situação assim. E ele desejava que eles tivessem algo. Tinha sido uma noite fantástica. Ter noites com ela seria maravilhoso. Mas será que agora ele teria alguma chance?

A semana foi passando e ela  não sabia se ligava para o pávido amigo ou se o deixava no "modo silêncio". A raiva só crescia, ainda mais porque o desejo de estar com ele só se avolumava. Tinha até se resolvido pensando nele. Afe Maria! Hoje era dia de ensaio da Comunidade. Como seria vê-lo? Ela resistiria a ele? Estaria menos brava?

Aguardem a Parte Final





segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Ela é boa de samba - Parte 2 - Carla Pepe

Ela é boa de samba - Parte 2
By Carla Pepe

O dia de samba que Soninha mais gostava eram os ensaios de Comunidade, era quando se sentia mais a vontade. Ela conhecia geral: da faxineira até o Presidente da Escola. Naquele dia, resolvera chegar cedo para ajudar o pessoal a arrumar a quadra, conversar com a galera da limpeza, da manutenção. Andava ensinando D. Elvira a ler romances. A senhora lia apenas seu nome e outras poucas palavras, mas tinha o desejo de ir além. Estava num bom humor daqueles, pois era libertador ensinar alguém a descobrir os versos. Liminha ficara de encontra-la na Quadra mais tarde.

Ela vestia um vestido curto de alcinha azul marinho, lingerie pink de renda, batom rosa, os cabelos pareciam ainda mais cacheados, sapatilha nos pés, pernas brilhando do creme de morango que passara. Estava linda, charmosa e cheirosa. O esquenta da bateria estava começando e Soninha já estava começando a aquecer os quadris. As mulatas da quadra não entendiam como a gorda amiga do Lima conseguia ser tão bem resolvida, desfilando os grossos braços no vestido de alcinhas. Precisavam confessar que tudo ficava ótimo nela, afinal ela tinha algo muito diferente: atitude. Nunca se importava com as celulites, estrias, tamanho do corpo. Havia nela sinais de que o que lhe importava era a si mesma.

Liminha vinha chegando no samba. Era um homem normal, nada extraordinário, moreno, relativamente baixo, corpo normal, no auge dos seus 40 anos. Era um rapaz trabalhador de uma indústria, filho mais velho de alguns irmãos. Conhecera Soninha no samba há uns anos atrás e sempre sentira algo pela volumosa morena, mas ela nem olhava para ele duas vezes, o tratava como amigo. E ele nunca ultrapassara essa barreira: ouvira todas as suas lamúrias, seus barracos, seus estresses, seus dramalhões. Naquele dia, ele chegou na quadra e logo viu a morena sambando com a cerveja na mão e o vestidinho no corpo. Ai que vontade de pegar a morena e leva-la dali para um lugar a sós e ficar com ela a noite toda para vira-la do avesso.

Quando ela avistou Liminha chegando na quadra, logo avançou em cima dele, dando-lhe um gostoso e apertado abraço. Não sabia o que tinha de diferente, mas dessa vez sentira tensão, um fogo subindo por entre as pernas, uma vontade de ficar ali abraçada com ele. Chegara a pensar em fazer coisas com Liminha que só Jesus para lhe salvar a alma. Devia estar mais carente do que imaginara, afinal ele era seu amigo, um dos melhores.  Não podia estar sentindo algo por ele. Mas ficaram ali, sambando e bebendo. Ela rebolava, se aproximava e foram assim noite toda. O rapaz já estava daquele jeito, na tensão. E a morena nem te ligo, só no samba e na cervejinha.

Enfim, o samba na quadra se encerrou e Liminha se ofereceu para levar a moça em casa. Ela tentou recusar, todavia ele insistiu e acabou acompanhando-a pelo caminho. No caminho para casa, sem que ela soubesse explicar como, ele puxa a morena e lhe dá um beijo vigoroso, um beijo louco, apressado, iminente, daqueles que a gente se pensar não faz, nem sente.

E ali mesmo, ficam os dois, perdidos numa noite de samba, suor e paixão. As mãos dele percorriam o corpo dela como se pudessem reconhecer o território. Ele tocava seus seios, apertava suas costas, enfiava a mão por baixo do seu vestido. Ela percorria o corpo dele, lhe agarrava o dorso. Suas bocas não conseguiam se soltar uma da outra, na pressa de se reconhecer e de se envolver. Eram uma química explosiva.

Soninha não conseguia pensar no que estava fazendo. Como seguiria aquela amizade? Como seria acordar no dia seguinte depois de ter dormindo com seu amigo? E agora?




Ela é boa de samba - Carla Pepe


Ela é boa de samba - Parte 1 
By Carla Pepe

Ela acordou com o corpo cansado, a cabeça latejando e a memória da noite passada. O samba tinha sido fantástico. Amava sambar, a batida dos tamborins, os clima da quadra. Podia passar o dia inteiro trabalhando, estar moída que sempre teria um espaço nos pés para sambar. Era boa da cabeça e do pé. A única coisa que tinha sido chata foi ter visto Roque com outra mulher. Mas ele era passado. Ela realmente o tinha cuspido e enterrado no último samba. Tinha boas palavras para chama-lo mas preferia guarda-las. Eles tinham saído uma única vez e por terem ido para cama o canalha tinha espalhado para todo mundo que ela era vadia. Aff mil vezes.

Na verdade, ela era mulher liberta. eles tinham uma química, ela já tinha passado dos 38 anos, morava sozinha, se sustentava e era feliz. Para que ficar esperando o próximo encontro? Mas ele tinha que falar para todo mundo na quadra. E ainda espalhar que ela era liberal. Liberta e liberal para o boçal eram a mesma coisa. Ela ia colocar ele na sala de aula junto com seus alunos e lhe explicar algumas coisas. Na noite passada, até pensou em tirar satisfações mas Liminha, seu amigo, lhe parou. Disse que não valia a pena. O problema é que volta a meia alguém vinha lhe contar mais alguma coisa: até que ele tinha saído com ela por ter tara por gordinha. Filho da....Para não quebrar a cara de Roque, acabara bebendo um pouco demais da conta.

Soninha era professora de Português em duas escolas, morava sozinha, 38 anos, separada, independente. Passara da idade de quem precisava de companhia para ser feliz. Gostava sim de seus amigos, de estar com a família, de curtir os sobrinhos postiços. Mas homem não precisava não. De vez em quando, queria sair, fazer um sexo gostoso, se fossem compatíveis, se encontrariam várias vezes. Mas não queria romance, casamento de novo, namoro, essas coisas. Era uma mulher liberta dessas necessidades, sabia que a vida real era completamente diferente. Mas se tinha um coisa que odiava era ser humilhada e menosprezada. Sua vontade, ontem, tinha sido colocar Roque em seu devido lugar: no chão, diante de um bom soco. Mas Liminha, lhe segurou e foi seu companheiro de samba e de copo.

A professora sabia que era gorda, que tinha seios fartos, coxas grossas, era baixa, cabelo de cachos. Mas abusava do que lhe valorizava: decotes, saias curtas. Exagerava nas alças, nos batons coloridos, nos shortinhos. Seus cachos estavam sempre acima dos ombros, deixando a nuca exposta. Fazia exercícios diariamente, buscava se alimentar legal, mas gostava do seu corpo acima do peso. Não era gorda em excesso, mas também não tinha desejo de ser magra. Era simplesmente feliz do jeito que era. Ficava sempre ali na bendita manutenção.

Depois de pensar demais sobre ontem, Soninha, decidiu que era hora de levantar e seguir em frente. Hoje era dia de dar aulas, fazer seu treinamento e suas compras. Ela tomaria um analgésico porque tinha, pelo menos, 50 adolescentes esperando por ela.

E essa semana ainda queria sambar. E se Roque se metesse a besta, levaria o que merecia. Ah, levaria sim.





sábado, 7 de novembro de 2015

Meus olhos se turvam - Carla Pepe

Meus olhos se turvam
By Carla Pepe

Meus olhos se turvam
Pois teimam ver no menino a criança
que empunha a arma
e mora em Angola,
Senegal ou Nigér.

Meus olhos se turvam
Pois enxergam a criança na menina
que dança e rebola
no baile da Baixa,
Jacaré e Maré.

Meus olhos se turvam
Pois persistem em olhar a miséria
do povo que sofre e luta
Está sempre na labuta
mas é tido como puta
pelos playboy e manés.

Meus olhos se turvam
Pois insistem em crer na possibilidade
de um mundo melhor.
Meus olhos se turvam
Pois o coração continua
batendo como mãe, menina e mulher.




À Flor da Pele - Carla Pepe


À Flor da Pele
By Carla Pepe

Hoje estou emotiva.
Em carne viva.
Pois sei que estou viva. 
Cansada, mas com fibra. 

Com os nervos à flor da pele.
Tão assim Gisele.
Igual a Emanuele.
Feito a Daniele. 

Hoje acordei chorando.
Minha alma sente falta do teu pranto.
"Minha mãe", quero teu colo tanto.
Deixa o infinito e vem me dar teu canto.

Ando tão insegura 
Me sentindo sem formosura.
Hoje quero apenas tua lisura. 
Teu sustento, tua estrutura. 

Amanhã será outro dia, 
dia de ousadia. 
Dia de Maria.
Dia de taquicardia. 

Mas hoje...hoje é dia de saudade
carne, sangue, sua divindade.
seu sorriso, sua voz, sua excentricidade.
Sua luz, sua cara, suas verdades.
Seus ensinamentos, seus princípios, sua bondade. 

Hoje estou tão assim...



Conjugando - Carla Pepe


Conjugando
By Carla Pepe

Arrisque-se
Prove
Chupe.
Lambuze
Se der, abuse.

Ame.
Desame.
Apaixone.
Entregue-se.
Se puder, aperte.

Se joga.
Goza.
Vai embora.
Volta.
Se quiser, demora.

Aproveita.
Viaje.
Feche.
Abra.
Abaixe.
Se couber, ajeite.

Tente.
Invente.
Seja você.
Seja outra.
Seja só.
Seja dois.
Simplesmente...ser

Irmãs - Carla Pepe

IRMÃS
By Carla Pepe

Todo dia quando eu passava havia uma criança na janela, ela era bonita, singela, calada, séria. Pedia silenciosamente que Deus lhe enviasse uma amiga. Queria mais que uma amiga, queria uma parceira, uma irmã. E um dia Deus lhe enviou seu presente. E já não era  mais uma criança na janela, mas duas. Duas lindas meninas. Uma era como o sol, a outra como a lua. Uma era alegre, a outra mais séria. Uma tinhas os olhos brilhantes, a outra um sorriso que iluminava.  A mãe se orgulhava de ter duas lindas meninas e contava como eram boas as suas mocinhas. E eram amigas.
De vez em quando elas brigavam, e a janela naquele dia não abria. Mas logo elas faziam as pazes e as janelas de novo se abriam. E continuavam amigas. As crianças cresceram e tornaram-se lindas moças. E elas continuavam na janela. Conversando, brincando... E eram amigas.
As janelas se fechavam quando as moças saíam. As janelas se abriam quando elas voltavam. Iam à Igreja, tinham amigos, todos gostavam delas. Uma delas, um dia, arrumou um namorado. Mas elas continuavam amigas. A outra mais nova depois arrumou um amor, e se decepcionou. Chorou. Mas a mais velha lá estava e a consolou. E as janelas tornaram a se abrir com as duas lindas moças a conversar.
Um belo dia a janela ficou fechada muito tempo e eu quis saber o que tinha acontecido às meninas tão queridas. As moças choravam a morte da mãe tão amada. Choraram, choraram. E as janelas continuavam fechadas A mãe lá do alto rezava por elas, para que superassem essa dor. E Deus respondeu.. Mas um dia, a dor ficou lá num canto da janela onde só ficam as dores que não se quer lembrar. E as janelas tornaram a se abrir. E continuavam mais amigas do que antes.
A moça mais velha se casou. O casamento foi lindo. A mais nova tudo organizou. E tudo lindo ficou. Pensaram que elas iriam se separar, mas mais unidas ficaram. As janelas agora se abriam uma de frente para outra. E continuavam a abrir. E elas continuavam amigas.

As duas lindas moças continuavam amigas sempre porque os laços que as prendiam era mais forte do qualquer coisa, eram laço maiores do que os de sangue, eram laços do coração.  E sei que as janelas, por maior que fosse a dor continuariam abertas, porque aquelas duas moças eram mais que amigas. ERAM IRMÃS.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Tesouro de Aquiraz - Carla Pepe

Tesouro de Aquiraz
By Carla Pepe

Ela é aquela que não se intimida.
Não teme a vida.
É ousada e destemida.
Emanuelle, doida e varrida.

Ela enfrenta tudo com coragem
Anda em várias pastagens.
Seu corpo é gentil miragem.
Gosta de viver um personagem.

De Vadia a Maria.
Abusa da perfumaria.
Seios, bunda, mato e baixaria.
Ela vem sempre cheia de refinaria.

Ela usa  minissaia e decote.
Não tem um fricote.
Vivem em alta voltagem.
Mas não venha de cafajestagem.


Ela é moça independente.
Que sabe o que quer.
Ela é mulher indecente.
que provoca e requer.

Por isso venha logo rapaz
Seja sagaz
Não desperdice jamais.
Um mulher como essa
é tesouro de Aquiraz.






quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Erótica - Carla Pepe

Erótica
By Carla Pepe

Erótica
É a metódica
de se despir.
Ela é erótica até
na arte de sorrir.
Erótica é a sua nuca
Sua bunda desnuda.
Sua boca carnuda.
Que me faz nutrir.

Eróticos são seus seios fartos.
Seus sinceros retratos
que me fazem resistir.
Erótico é seu olhar penetrante.
Seu pensamento sagaz.
Erótica é sua beleza exuberante.
Sua vontade de sexo fugaz.

Surpreendente.
Envolvente.
Erótica é ela vestida.
Bem resolvida demais.

Erótica é coisa de ótica.
Ah, quando ela passa
fico pensando demais.



As Amigas - Final - Carla Pepe


As amigas - Final
By Carla Pepe


Juliana estava dividida entre a razão de ir embora e a paixão em passar a noite com Everaldo. Os dois tinham uma química muito forte, mas ela não queria nada além disso. Tinha sua pós-graduação, seus projetos, anseios e não podia se dedicar a um relacionamento agora. Ele não fazia bem seu tipo de homem. Mas reconhecia que o que acabara de acontecer entre eles tinham sido forte. Tinham acabado de transar bem ali no meio na rua e ele continuava a lhe puxar pela mão, lhe beijar na boca, na nuca e sussurrar palavras de prazer no ouvido. Inclusive, lhe propôs irem a um lugar mais discreto no qual pudessem ficar mais confortáveis.

Everaldo não entendia a indecisão da mulher, tinha acabado de possuí-la ali bem no meio da avenida. Tudo bem que num lugar escuro, era madrugada e ninguém passava. Aquilo estava tirando a paciência dele, mas agora ele queria terminar ainda mais o que tinham começado. E, além do mais, tinham uma química poderosa. A mulher era fogosa, ele queria ver do que ela era capaz entre quatro paredes. Já estava pensando no banho, na banheira, na cama. Ficou rígido novamente, ele precisava convencer a mulher. Everaldo resolve puxar Juliana e dar novamente um beijo daqueles de tirar o fôlego e os pensamentos da mulher. Juliana resolve jogar toda a mentalidade para o espaço e aceitar o convite do rapaz. Afinal só se vive uma vez.

Eles acham um discreto hotel no Centro e embarcaram numa noite sem pudores, tão livre quanto os melhores filmes franceses. São mãos, pernas, coxas, bocas, seios, ventre, membro. Everaldo nunca teria imaginado que naquele rosto sério habitava uma mulher tão ardente e sem repressões. Tudo era possível naquela noite com aquele corpo repleto de curvas e sinuosidade. E ele tinha a sensação de quem sempre haveria de querer mais. De quem estava viciado naquela mulher danada e cheia de lascívia.

Juliana amou cada minuto da noite de paixão com Everaldo. Foi realmente repleta de surpresas, nunca imaginou que aquele homem calado e carrancudo era tão quente. Ele tirou seu batom, aqueceu sua alma, percorreu seu corpo sem pressa. Devorou-lhe cada pedaço e tomou-lhe em todas as posições que foram  possíveis. A pândega foi majestosa. Mas ela não queria nada além daquilo. Tinha sido bom e seria bom vê-lo outras vezes. Mas será que para ele estaria suficiente uma relação de um bom sexo e nada mais?

De manhã, Everaldo vê o corpo de Juliana nu no chuveiro e chega por trás dela, pega de jeito e a possui ali mesmo no banho. Mais uma vez,  eles se submetem aquela luxúria que os consome, numa intimidade que ela jamais pensou ter com alguém. No final de tudo, exaustos resolvem ir embora. ele a convida para o café, mas ela recusa gentilmente dizendo ter que ir embora. O rapaz pergunta se encontrariam novamente. Quem sabe podiam pegar um cinema. Ela lhe dá um sorriso e lhe diz de forma bem ousada: "quem sabe fazemos algo interessante numa sala de cinema?Combinamos no ônibus na 2a feira".

E a mulher vai rebolando os quadris na minissaia justa, sutiã aparecendo, cabelos ao vento, batom rosa na boca, corpo quente, deixando o rapaz ali boquiaberto com as curvas e a noite totalmente livre que havia experimentado.




Essa noite - Carla Pepe

Essa noite
By Carla Pepe

Essa noite sonhei
Sonhei com você
Você me querendo.
Você tão sedento.
Sonhei com você.
Desnudo.
Astuto.
Sonhei com você
Rígido.
Lívido.
Dedicado.
Eu de quatro.
de lado.
de frente.
Nós dois.
Acordei.
Suada.
Calada.
Dulcinéia.
Plebéia.
Levantei...
Enfim...


quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Na mão - Carla Pepe


Na mão
By Carla Pepe

Não tenho problema
Em fazer qualquer esquema
com a minha mão.
Minha mão é companheira
Na cama ou na banheira.
Seja aonde eu quiser.
Ela não desmarca.
Nem remarca.
Mas em compensação
Não tem coração
nem pulsação.
Mas ás vezes é só a mão
que uma mulher tem.
Não tenho problema com a mão.





As amigas - parte 3 - Carla Pepe


As amigas - Parte 3
By Carla Pepe

Como não sabia o que fazer, restou a Everaldo ficar no barzinho, tomando sua cervejinha. Lorena vê Juliana se aproximar e fica esperando para ver a reação da amiga e do rapaz. Ela percebe a troca de olhares e vê o interesse disfarçado da amiga. A menina-veneno entra em ação e dispara até a mesa antes que a amiga pudesse ficar mais do que dois minutos sozinha com o rapaz. Ele fica desconcertado ante o ataque a aranha vermelha e sente a outra amiga encolher. Seu instinto pede que a defenda mas ela rapidamente levanta e diz que vai buscar uma cerveja e dançar. Ele aproveita a oportunidade e diz que vai acompanha-la.

O lugar parecia da moda, pois estava apinhado de gente. No caminho, ele sente o corpo de Juliana, suas curvas, suas nádegas. Ele sente um vontade louca de pegar sua cintura e lhe dar um beijo louco, desses que suga a boca para sentir o gosto que vem da alma e enfiar a mão por baixo de sua blusa para sentir os seios grandes. Mas tudo fica apenas no pensamento, pois a garota não lhe dá um olhar sequer, como se soubesse das enormes garras da amiga. Nesse meio tempo, Lorena resolve atacar chamando o rapaz e Juliana para dançar. Sem que Everaldo se desse conta ele está dançando entre as duas e suas fantasias de tê-las na cama.

Lorena chama Juliana no banheiro e chega a fazer a proposta de irem a um hotel os três. Juliana arregala os olhos e nem acredita no que seus ouvidos acabaram de ouvir. Não era uma mulher pudica, mas tinha seus princípios. Menage não era algo que curtisse. Ela deixa Lorena sozinha no banheiro e resolve ir embora. Afinal, os dois que fizessem bom proveito um do outro. Everaldo vê Juliana passar com cara de poucos amigos por ele. E fica sem saber o que fazer. A ruiva vem logo atrás com aquele ar inocente-fiz-alguma-coisa. E ele o que fazia? Qual das duas? Seu instinto lhe dizia que Lorena só queria provocação e nada mais. Parecia ser só promessa. Já Juliana, a séria, pelo beijo que trocaram e pelas curvas de seu corpo, parecia ser uma noite inesquecível. Tinham uma química.

Ele resolve apostar em seu instinto e ir atrás de Juliana, deixando Lorena boquiaberta. Como ele podia escolher Juliana? Mas é a vida. Ela ia atrás do próximo e ele ficaria com a gordinha toda careta.

Everaldo pega Juliana na saída do barzinho pelo braço e diz: "ué já vai embora e ia me deixa ali sozinho?". Ela responde: "você já estava bem acompanhado!". Ele mais que depressa responde: "também estou indo, te acompanho." Ela se desvencilha de sua mão, dizendo não precisar de companhia mas o rapaz insiste e vai caminhando ao lado da mulher irritante. Num dado momento resolve tomar a iniciativa e a puxa para si, dando-lhe um beijo, tirando-lhe o batom rosa. O beijo é desses que possuem o corpo, a alma, os cabelos, as costas. Ele aperta os fartos seios com gosto. Juliana corresponde completamente entregue.

Eles estão no Centro da Cidade e ali mesmo eles começam uma dança sensual na rua, num canto escuro, aonde ele tira sua calcinha mínima de renda, enfia a mão por baixo da minissaia. Num dado momento a vira de costas para ele e a possui ali na rua. Juliana não consegue pensar, crer no que está fazendo. Tudo bem que já tinha fantasiado transar numa avenida, mas daí a realizar. Jesus! E eles ficam ali naquele momento de sensualidade e prazer. Claro que se lembraram da proteção, não eram loucos totalmente. Everaldo não conseguia sequer atinar para o que estava acontecendo a mulher era fogo total, lascívia na máxima potência. Tudo que ele queria, agora, era leva-la para um hotel e te-la a noite toda.

E agora o que fariam os dois? Para onde seguiriam? Ela manteria firme a vontade de ir embora?

Aguardem a parte final dessa história.











De Costas - Carla Pepe


De costas 
By Carla Pepe

Hoje eu estou assim
Meio de costas para geral
Sem paciência ou astral.
Quero somente eu no meu carnaval.

Você faltou e me deixou na mão.
Mas não tem problema não.
Porque sou moça de outra geração.
Mas não pense que sou fácil não.

Porque esperar você, meu bem,
não combina comigo.
Porque eu sigo em frente.
Não tenho juízo.
Sou moça independente.
Dou castigo.
Sou boa demais para o seu bico.

Hoje estou assim
Totalmente calada.
Totalmente amuada.
Mas amanhã...
Amanhã eu tiro a tomada
e volto a ação.


terça-feira, 3 de novembro de 2015

Quero-quero - Carla Pepe



Quero-quero
By Carla Pepe

Quero beijo molhado
com jeito de quem quer mais.
Quero cheiro de mato
do jeito que for sem frescura demais.

Quero sempre um minuto.
Um hora.
Uma noite.
Sentar no colo.
Gemer no solo.
Gargalhar de prazer.

Sou gata ferina.
Sou moça menina.
Corajosa Mulher.

Não tenho medo de nada.
Nem da madrugada.
Trago no peito da esperança
que tem a criança
de ser feliz para valer.

Mas eu vou é em frente
porque atrás vem é gente
e eu não vou esperar você.






segunda-feira, 2 de novembro de 2015

As amigas - Parte 2 - Carla Pepe

As amigas - Parte 2
By Carla Pepe 

Everaldo ficou uns dias sem ir no mesmo ônibus que as meninas. Juliana deu graças a Deus depois do tal beijo. Tudo bem que não tirava do beijo do pensamento. Os dois tinham uma química, mas seria complicado demais entrar no meio dos interesses de Lorena. Ela não precisava disso neste momento. Já não era uma menina, era uma mulher de 41 anos e não estava afim de disputar história com uma garota de 30 e poucos. Além disso, precisava muito se concentrar na sua pós-graduação para ver se conseguia um emprego melhor, pois queria comprar um apartamento e um carro.

Naquele dia, as meninas vinham animada depois do trabalho ia rolar um Happy Hour num barzinho bem legal e elas já vieram produzidas. Lorena como sempre sexy. Todos a olhavam: linda, gostosa, produzida, vermelha como fogo, pernas longas, saia justa, blusa cropped, maquiagem. Quanto a Juliana, vinha com sua minissaia jeans, blusinha decote V, batom rosa, como pétala de flor. Everaldo as viu entrar e lançou um olhar para Juliana que não passou despercebido a Lorena. A mulher cor de fogo logo sentou perto do rapaz e puxou conversa roçando os seios no braço do rapaz. Ele respirou fundo. A outra menina sentou longe. Lorena rapidamente pegou Juliana e colocou Everaldo entre as duas. Afe Maria!!! O homem suava frio. Nem uma janela por perto para livra-lo do sofrimento. E o pior, a outra era gordinha, e aí a bunda roçava em seu quadril. Uma por cima e outra por baixo. O que um homem podia fazer numa hora dessas? Ele tentava se concentrar na música do seu celular, mas a mais alta não deixava.

Depois de quase duas horas daquela tortura, Everaldo levanta para descer, Lorena levanta junto e chama o rapaz para ir ao Happy Hour hoje às 18h ali mesmo nos Arcos da Lapa. O rapaz tenta inventar uma desculpa, mas a mulher é insistente e ele também não é homem de fugir assim de mulher. Ela tira um papel do bolso de traz da saia com seu número de celular . Detalhe a calça era tão apertada que nem ele sabia como o papel coube ali e nem em que horas ela tinha anotado aquele telefone.

No caminho sozinha para o trabalho, Lorena ficou pensando no lampejo de olhares que tinha visto entre o rapaz e Juliana. A gordinha andava mais quieta do que de costume. Ela já tinha percebido isso. Será que tinha interesse no rapaz?  E será que o rapaz preferia a amiga?  Ela, Lorena, era linda. Elas eram amigas e ela sabia que não haveria disputa entre as duas. Tinha que admitir que ela nem se sentia tão atraída assim pelo cara. Na verdade, era a dificuldade que ele apresentava a atraia. Mas seria interessante colocar lenha na fogueira e ver quem ganharia a parada.

Na hora do Happy Hour, Everaldo nem sabia o que estava fazendo ali. O beijo com Juliana o tinha feito ficar pensando em algo a mais. Um  hotel, seios, pernas, coxas, a boca. Umas saídas, umas noites de sexo sem grandes expectativas. No entanto, hoje no ônibus, ficar entre as duas, despertou suas fantasias. As duas e um noite inteira.

Foi difícil se concentrar no trabalho e, por isso, decidira ir ao tal barzinho. Lá chegando viu logo mais alta das amigas. Ela acenou e veio direto em sua direção. Eles ficavam praticamente da mesma altura. Ela chegou perto e sem que ele esperasse, lhe tascou um beijo molhado de gloss. Um beijo na boca desses que parece que vai entrar corpo adentro. Ela logo colou seu corpo no do rapaz, pegou a bunda dele, apertou e ele novamente respirou fundo. Parecia que estava numa dança sensual e que iriam sair dali direto para um quarto. Jesus!

Mas a moça, que não era boba nem nada, logo largou o rapaz e foi para mesa esperar a amiga chegar. Afinal se queria uma disputa ou uma certa emoção, não podia entregar as cartas logo de cara. Tinha que ver como estavam os peões no jogo de tabuleiro. E Juliana já estava atrasada.

Quando a outra mulher entra, Everaldo começa a suar frio, como seria agora? Se ela também lhe beijasse como seria? O que ele faria? E ele preocupado em falar com a gordinha para umas noites de sexo. A situação era muito pior. Se ficar a vermelha pegava, mas se correr a perdia a gordinha, pois ela acharia que estava indo embora por causa dela. E ele nem sabia que música estava tocando no danado do bar. O que ele sabia, desde o início, é que aquelas meninas eram complicação na certa.