quarta-feira, 30 de setembro de 2015

É preciso manter o foco - Parte 2 - As bocas 
By Carla Pepe


Ela havia ficado uns dias sem conseguir correr, uma viagem de trabalho a tirou da cidade. Naquele dia tinha saído apressada de casa, pois não queria perder a hora. Seu coração batia acelerado, talvez porque pensasse em encontra-lo. Será que ele estaria lá no mesmo lugar? Será que conversariam? Se arrumara um pouco mais para sua corrida matinal: um novo top, uma bermuda mais transada e uma blusa mais feminina. Queria estar bonita caso o visse.  Tinha consciência de que era uma mulher comum. Mas aquelas mãos não saiam de sua cabeça. 

A manhã estava mais abafada que o normal e ele fazia sua caminhada lentamente, ainda sentia dores no joelho, mas precisava continuar. Desde o esbarrão ela não aparecia para sua corrida matinal, talvez fosse o trabalho ou tivesse mudado de horário. Mas ele resolvera não pensar nisso. Ela tinha mexido com ele sem que ele soubesse explicar porque. Afinal, era uma mulher de beleza normal, nada fora do comum, corpo cheio de curvas, volumoso, coxas grossas, seios fartos. Definitivamente, ela era sensual e o atraía. Ele queria descobrir o que estava por trás daquela pessoa tão ordinariamente comum. 

E assim, perdido nos seus pensamentos, ele não a viu se aproximar. Ela logo disse: "oi, você por aqui..." e ficaram ali conversando como se o tempo não pudesse mais passar. Eles podiam falar sobre qualquer assunto, era como se fossem feitos um para o outro. De repente, ela olha o relógio e diz que precisa ir embora trabalhar. Ele pede seu telefone e a convida para uma cerveja mais tarde. Conhecia um bom lugar com cervejas artesanais e boa música. Ela lhe passa o número, ainda incerta da decisão. 

Nesse momento suas mãos se tocam e uma explosão de sentimentos eclode entre eles. Ele a puxa para si e a beija com sofreguidão. As mãos procuram sem corpo, suas costas, seu pescoço, suas nádegas, seus seios. Ele precisa toca-la urgentemente como se quisesse ver se ela era real. Ela corresponde aos beijos, se deixando levar por aquela paixão que lhe toma o cérebro, o coração, a alma.  Sente as mãos dele em seu corpo e lhe sobe um calor e uma umidade. Ela, com suas mãos, procura o corpo dele. 

E eles ficam ali perdidos em si mesmos, como se dois fossem um. As bocas parecem querer ficar unidas para eternizar aquele encontro. Mas ela recobra a razão e interrompe o momento de prazer e vai embora com pressa. Ele fica ali paralisado e emudecido com o que acabara de acontecer. Em sua vida, nunca agira por impulso, sempre fora metódico e organizado. E agora se sentia em ponto de ebulição.  

Nada que um bom banho de mar não resolvesse...






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